Servidores do Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande (DAE-VG) admitiam lucrar com a falta d'água e debochavam da população em conversas interceptadas pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor). Os suspeitos foram alvos da Operação Gota D'Água, deflagrada na última sexta-feira (20.09).
A investigação aponta que funcionários da Diretoria Comercial do órgão se aproveitavam da precariedade dos serviços prestados para extorquir consumidores, oferecendo favores ou cometendo omissões em troca de vantagens indevidas.
Interceptações ambientais e telefônicas revelaram o grau de institucionalização do esquema. Em uma das conversas captadas, três servidores — identificados como Aguinaldo Lourenço da Costa Silva, Anderson Kleiton Corrêa Botelho e Mário Sales Rodrigues Júnior — riram ao admitir que o prazo de dois a três dias para uma nova ligação de água só poderia ser cumprido mediante o pagamento de propina.
As conversas foram interceptadas logo após os depoimentos dos investigados à polícia, nos quais se surpreenderam com uma série de questionamentos feitos pelos policiais da Deccor. Em um dos trechos do diálogo, o servidor Aguinaldo relata ter sido questionado pela polícia se o DAE demorava 70 dias para realizar uma ligação de água.
Na mesma conversa, Aguinaldo afirma que o DAE poderia realizar a ligação antes desse prazo. Em seguida, Anderson Kleiton comenta: "Mediante o quê? Mediante propina", e todos os presentes riem.
A conivência da diretoria do DAE também foi destacada na investigação. Alessandro Macaúbas Leite de Campos, diretor comercial do departamento, foi citado em diversas conversas que apontavam sua ciência e participação nos atos ilícitos. Em uma das gravações, Alessandro teria dado ordens para a realização de serviços com materiais do DAE, sem mencionar a necessidade de propina. No entanto, segundo a polícia, a prática era tão arraigada que outros funcionários sabiam que o pagamento era implícito.
Para realizar as ligações, os servidores questionavam se "vai ter Pocotó". O termo "Pocotó", segundo a polícia, seria utilizado pelo grupo criminoso para se referir à propina.
Ainda segundo fontes há dois servidores ligados a dois vereadores que estão foragidos.
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