Ednaldo Rodrigues espionava funcionários através de câmeras de segurança escondidas na sede da CBFReprodução
No caso apresentado por Marcos Dias Pereira, a Comissão vai investigar relatos graves feitos por funcionários da CBF, que mencionam assédio moral e sexual, humilhações públicas, perseguições internas e o uso de câmeras ocultas nas dependências da entidade. O vereador também apontou o descumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado com o Ministério Público do Trabalho (MPT) em 2021, que previa medidas para prevenir práticas abusivas no ambiente da Confederação.
“Recebemos relatos gravíssimos. A apuração precisa ser isenta e rápida. As denúncias falam em perseguição, câmeras escondidas e assédio, o que é inaceitável em qualquer organização”, afirmou Marcos Dias em sua representação, que também pede o afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues e de membros da diretoria.
A Comissão de Ética, responsável pela análise de condutas dentro da CBF, vai agora ouvir os funcionários citados e analisar os documentos reunidos pelas partes.
A segunda investigação foi motivada por pedido da deputada federal Daniela Carneiro, que acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para requerer o afastamento imediato de Ednaldo e a revisão do acordo homologado pela Corte em fevereiro deste ano — entendimento que validou o atual mandato do presidente após questionamentos sobre o processo eleitoral da CBF.
A parlamentar apresentou laudos que apontam possível falsificação da assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, em documentos que compuseram o acordo, além de um atestado médico que sugere incapacidade cognitiva do ex-dirigente à época da assinatura.
“Há elementos que indicam que o acordo foi assinado sem o consentimento válido de uma das partes. Isso fere a lisura do processo e compromete a legitimidade do atual presidente”, afirmou Daniela Carneiro no pedido ao STF.
A apuração sobre a assinatura também levou a Justiça do Rio de Janeiro a convocar Coronel Nunes para uma audiência nesta segunda-feira (12/5). No entanto, o depoimento foi cancelado no mesmo dia, após a defesa alegar problemas de saúde do ex-dirigente.
Com a formalização das investigações internas, a permanência de Ednaldo Rodrigues à frente da CBF volta a ser contestada. Em menos de um ano, esta é a segunda crise institucional enfrentada pelo dirigente, que chegou a ser afastado em dezembro de 2023 por decisão judicial, posteriormente revertida em acordo homologado no STF. Agora, os questionamentos envolvem desde falhas no cumprimento de normas trabalhistas até suspeitas de fraude documental.